11 janeiro, 2012

Derreádiarco

--Dé reá di arrrco? Perguntou o frentista ao meu pai, com o sotaque soteropolitano, de forma a confirmar o pedido.

--Isso! Disse meu pai... -- Dez reais de álcool, por favor.

Sempre lembro rindo deste momento, ocorrido em uma das viagens à Panorama-SP, quando eu ainda tinha uns 16 anos. Um estrangeiro jamais iria entender uma frase dessas.

:)

23 março, 2009

Saudade

Saudade, o que é?
Saudade é algo que fiz no passado e que foi muito bom.
Não. Isso é memória. Saudade é futuro!
Futuro? Sim, futuro. Saudade é a vontade de viver novamente algo que você fez no passado.

20 fevereiro, 2009

Veneno

Atenção: excesso de CRs é risco de morte! Mais do que seis CRs por dia pode levá-lo a morte! Tome cuidado... :D

19 fevereiro, 2009

Atendendo a pedidos....

O armagedom dos insetos


Da comunicação de uma empresa. Atenção aos detalhes do informativo....


Bom dia

Informamos que será realizado o trabalho de Desinsetização e desratização através do sistema de Controle Integrado de Pragas, em todo o prédio, as intervenções químicas e biológicas envolvem aplicação de saneantes domissanitários através de iscas atrativas com biocidas químicos com as técnicas de atomização, polvilhamento, pulverização de pressão prévia, termonebulização e produtos biológicos.

Tais intervenções serão realizadas de maneira racional, em áreas determinadas previamente pela inspeção e serão realizadas de forma diferenciada para cada caso em particular.

Os locais descritos abaixo poderão ser utilizados durante e após a aplicação, sem nenhum dano à saúde humana.

  • Laboratório de Ensaios e Testes
  • Salas de ar condicionado central
  • Central de Segurança (BMS)
  • Ambulatório Médico

Pedimos a todos os colaboradores (exceto os que se enquadram na descrição acima), que se programem para que no período mencionado, tenhamos o prédio livre e as salas destrancadas, para a realização deste serviço.

Agradecemos a atenção de todos.

Atenciosamente.

Campus Party

Eu jamais iria num Campus Party na minha vida!! Da fobia ver aquela cambada de gente toda socada, empuleirada só pra ficar uma pertinho da outra conectado ao pc... "Ah, mas é muito legal poder fazer networking com o pessoal que só conhecemos através dos blogs..." Pelo o amor de Deus, deixem o pc em casa, saia de casa, chame os amigos pra tomar uma cerveja, converse usando a boca e não os dedos, large dessa vida de nerd.
Dá pra imaginar a catinga que é um lugar daqueles...

18 fevereiro, 2009

Defenestração

De Fernando Veríssimo.

Certas palavras têm o significado errado. Falácia, por exemplo, devia ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar falácias em todas as suas variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa Falácia Negra.
Hermeneuta deveria ser o membro de uma seita de andarilhos herméticos. Aonde eles chegassem, tudo se complicaria.
- Os hermeneutas estão chegando!
- Ih, agora é que ninguém vai entender mais nada...
Os hermeneutas ocupariam a cidade e paralisariam todas as atividades produtivas com seus enigmas e frases ambíguas. Ao se retirarem deixariam a população prostrada pela confusão. Levaria semanas até que as coisas recuperassem o seu sentido óbvio. Antes disso, tudo pareceria ter um sentido oculto.
- Alô...
- O que é que você quer dizer com isso?
Traquinagem devia ser uma peça mecânica.
- Vamos ter que trocar a traquinagem. E o vetor está gasto. Plúmbeo devia ser o barulho que um corpo faz ao cair na água. Mas nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração. A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu significado, nunca me lembrava de procurar no dicionário e imaginava coisas.
Defenestrar devia ser um ato exótico praticado por poucas pessoas. Tinha até um certo tom lúbrico. Galanteadores de calçada deviam sussufrar no ouvido das mulheres:
- Defenestras?
A resposta seria um tapa na cara. Mas algumas... Ah, algumas defenestravam.
Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim, defenestradores profissionais.
Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que encerravam os documentos formais? "Nestes termos, pede defenestração..." Era uma palavra cheia de implicações.
Devo até tê-la usado uma ou outra vez, como em:
- Aquele é um defenestrado.
Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer? Defenestrada. Mesmo errada, era a palavra exata.
Um dia, finalmente, procurei no dicionário. E aí está o Aurelião que não me deixa mentir. "Defenestraçao" vem do francês "defenestration". Substantivo feminino.
Ato de atirar alguém ou algo pela janela.
Ato de atirar alguém ou algo pela janela!
Acabou a minha ignorância mas não a minha fascinação. Um ato como este só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão muito forte. Afinal, não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o ato de atirar alguém ou algo pela porta, ou escada abaixo. Por que, então, defenestração?
Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. Como o rapé. Um vício como o tabagismo ou as drogas, suprimido a tempo.
- Les defenestrations. Devem ser proibidas.
- Sim; monsieur le Ministre.
- São um escândalo nacional. Ainda mais agora, com os novos prédios.
- Sim, monsieur le Ministre.
- Com prédios de três, quatro andares, ainda era admissível. Até divertido. Mas daí para cima vira crime. Todas as janelas do quarto andar para cima devem ter um cartaz: "Interdit de defenestrer". Os transgressores serão multados. Os reincidentes serão presos.
Na Bastilha, o Marquês de Sade deve ter convivido com notórios defenestreurs. E a compulsão, mesmo suprimida, talvez ainda persista no homem, como persiste na sua linguagem. O mundo pode estar cheio de defenestradores latentes.
- É esta estranha vontade de atirar alguém ou algo pela janela, doutor...
- Hmm. O impulsus defenestrex de que nos fala Freud. Algo a ver com a mãe. Nada com o que se preocupar - diz o analista, afastando-se da janela.
Quem entre nós nunca sentiu a compulsão de atirar alguém ou algo pela janela? A basculante foi inventada para desencorajar a defenestração. Toda a arquitetura moderna, com suas paredes externas de vidro reforçado e sem aberturas, pode ser uma reação inconsciente a esta volúpia humana, nunca totalmente dominada.
Na lua-de-mel, numa suite matrimonial no 17º andar.
- Querida...
- Mmmm?
- Há uma coisa que eu preciso lhe dizer...
- Fala, amor.
- Sou um defenestrador.
E a noiva, em sua inocência, caminha para a cama:
- Estou pronta para experimentar tudo com você. Tudo!
Uma multidão cerca o homem que acaba de cair na calçada. Entre gemidos, ele aponta para cima e balbucia:
- Fui defenestrado...
Alguém comenta:
- Coitado. E depois ainda atiraram ele pela janela!
Agora mesmo me deu uma estranha compulsão de arrancar o papel da máquina, amassá-lo e defenestrar esta crônica. Se ela sair é porque resisti.

Vai um b12?

Agora só tomo b6, ws, b12 anda muito forte...